Trevelin – Futaleufú – 06/01/2010
Como foi difícil sair da barraca naquela manhã fria. Pela primeira vez durante a viagem, tive que colocar a meia por cima da calça, pois o frio era intenso.
Saímos as 7h, pedalamos quatro horas numa estrada de rípio, com vento contra. Ao chegarmos da aduana Argentina (Paso Futaleufú/Rio Futaleufú) fomos informados que a aduana Chilena estava fechada.
Um frio danado e nós ali, parados. O jeito foi entrar dentro do saco de dormir e deitar nos bancos que ficaram do lado de fora.
Encontramos um mochileiro da Bahia e nos surpreendemos ao vê-lo de bermuda e chinelo em plena Patagônia. Ele e outras pessoas puderam seguir a pé, mas deixaram seus pertences na aduana. Entretanto, antes de seguir, o bahiano tendo escutado nossas reclamações sobre a carretera austral, soltou uma frase que virou nosso bordão: CARRETERA AUSTRAL, ESSA É A BOA!
As horas passaram e os guardas amoleceram, pois depois de 4h esperando, eles nos liberaram. Acho que ficaram com pena.
Infelizmente não dava mais tempo de percorrer a distância prevista para o dia. Decidimos pernoitar em Futaleufú que ficava a aproximadamente 10km da aduana. Apesar deste pequeno trecho estar asfaltado, nosso ritmo continuou baixo, pois o vento contra estava bem forte.
Na cidade nossos problemas só aumentaram.
Primeiro foi o caixa eletrônico que não aceitou nossos cartões, ou seja, estávamos sem dinheiro. Lembrando que havíamos atravessado uma fronteira e é óbvio que os pesos argentinos não serviam em uma cidade chilena. Tentamos uma casa de câmbio, mas lá não havia dinheiro. Impressionante! Pelo menos ainda tínhamos alguns pesos chilenos que sobraram do saque feito em Santiago.
O segundo problema foi conseguir um local pra ficar, pois no único camping não havia ninguém para nos atender. Tentamos algumas pousadas, mas o preço estava alto demais para alguns aventureiros com pouco dinheiro.
O terceiro contratempo aconteceu numa padaria: O Romulo entrou para comprar pães e os mesmos haviam acabado, pois alguns minutos antes um menino comprou os últimos. Mesmo menino que ao sair da padaria derrubou a bicicleta do Romulo. Eta azar!
Felizmente encontramos um outro estabelecimento que vendia pães. Compramos e fomos para o camping “sem dono”. Uma senhora nos atendeu e avisou que os donos talvez só chegassem no dia seguinte. Montamos as barracas e quando fomos tomar banho a água estava fria. Desistimos do banho.
Assim terminou o dia em que percorremos apenas 53km. Um dia para ser esquecido.
Futaleufú – Vila Vanguardia – 07/01/2010
Acordamos bem cedo, desmontamos acampamento e como ninguém apareceu para cobrar nossa estadia, saímos rapidamente do camping. O frio dos dias anteriores ainda continuava e o único local mais quente que encontramos para saborear nosso café da manhã, foi dentro do banco, ao lado do caixa eletrônico. Ahaha....demos o calote no camping e “invadimos” um banco.
Durante a parte da manhã, percorremos 48km até Puerto Ramirez. Neste trecho a estrada de rípio começou horrível, depois melhorou(incluindo boas descidas e incríveis rios de cor azul-turquesa) e no fim ficou quase impossível ultrapassar os 10km/h.
Nosso almoço foi degustado em um ponto de ônibus. Ali comemos pães com doce de leite.
Nosso almoço foi degustado em um ponto de ônibus. Ali comemos pães com doce de leite.
Na seqüência pedalamos 30km até Vila Santa Lúcia. Nesta parte do trajeto passamos ao lado do Lago Yelcho. Infelizmente o tempo estava fechado e a vista do lago não foi tão impressionante.
Como ainda tínhamos tempo, estávamos atrasados no nosso roteiro e na vila não havia muita coisa, decidimos apenas passar no mercado e seguir até uma outra localidade pequena.
Foi então que começamos a realizar um sonho: Pedalar na Carretera Austral. Felizes e empolgados, fomos pedalando pela estrada famosa. Tiramos fotos, filmamos e reclamamos da estrada ruim.
Depois de mais 30km chegamos na Vila Vanguardia, totalizando 111km. Vila??? Sei lá se aquilo pode ser chamado de vila. Somente 7 casas faziam parte do local. Não havia mercado, camping, pousada, etc.
Encontramos apenas uma moradora que queria cobrar por qualquer coisa. Até por um banho frio. O jeito foi fazer um acampamento selvagem num local que tinha muita bosta de vaca. Durante a montagem das barracas começou a chover. Que M...! Na hora de preparar a janta, composta por arroz, o Romulo não encontrou o isqueiro e por um milagre, a mesma mulher que tentou cobrar o banho frio nos deu um isqueiro, alguns pães e água. Após a janta, o Gustavo acabou pisando na bosta das vacas com seu tênis furado. Era muito azar. Nosso humor estava péssimo. Pouco dinheiro, chuva, frio, acampamento horrível, roteiro atrasado, etc. A única parte engraçada foi um menino que apareceu gritando: ¿A dónde vas?. Lembro que respondi baixinho: Vou pra PQP....guri chato...ahuaha
Foi então que começamos a realizar um sonho: Pedalar na Carretera Austral. Felizes e empolgados, fomos pedalando pela estrada famosa. Tiramos fotos, filmamos e reclamamos da estrada ruim.
Carretera Austral, essa é a boa.
Vila Vanguardia – La Junta – 08/01/2010
Durante a noite a chuva não deu trégua e ao acordarmos encontramos nossas barracas molhadas por dentro. O desâmino foi geral. Ficamos um bom tempo decidindo o que fazer e quando percebemos que ficar acampado não era a melhor solução, já estávamos na metade da manhã. Desmontamos acampamento e partimos.
Chegamos em La Junta as 13h30min e fomos procurar um caixa eletrônico. Outra decepção, pois não havia caixa eletrônico na cidade. Para amenizar nossos problemas existia um posto/mercado que aceitava cartão de crédito e no mesmo local havia um funcionário que fazia câmbio de pesos argentinos para chilenos, porém ele só estaria lá a partir das 16h.
Fomos procurar pousada, pois com aquela chuva não queríamos acampar novamente. Achamos uma por 6000 pesos chilenos, mas só poderiamos pagar após as 16h. Passamos numa padaria e encontramos uma moça linda, perfeita, magnífica, a qual apelidamos de Mis Carretera Austral. Essa foi a melhor parte do dia...ahahaha.
Então sentamos num banco de madeira que ficava bem protegido da chuva e ali saboreamos nosso almoço composto por pães, queijo e mortadela. Nessa hora comecei a sentir muito frio por causa da roupa molhada que estava usando. Então fomos para a pousada e o frio passou.
Trocamos o dinheiro as 16h e aproveitamos para ver a previsão do tempo na intenet. Tristeza. O site indicava chuva nos próximos 5 dias. Depois soubemos, de um morador, que estava chovendo havia quase um mês. Meu caramba!
Antes de dormir, decidimos que só iríamos prosseguir caso a chuva diminuísse.
Chuva
Chuva, chuva e mais chuva durante o pequeno trajeto de 46km.Chegamos em La Junta as 13h30min e fomos procurar um caixa eletrônico. Outra decepção, pois não havia caixa eletrônico na cidade. Para amenizar nossos problemas existia um posto/mercado que aceitava cartão de crédito e no mesmo local havia um funcionário que fazia câmbio de pesos argentinos para chilenos, porém ele só estaria lá a partir das 16h.
Fomos procurar pousada, pois com aquela chuva não queríamos acampar novamente. Achamos uma por 6000 pesos chilenos, mas só poderiamos pagar após as 16h. Passamos numa padaria e encontramos uma moça linda, perfeita, magnífica, a qual apelidamos de Mis Carretera Austral. Essa foi a melhor parte do dia...ahahaha.
Então sentamos num banco de madeira que ficava bem protegido da chuva e ali saboreamos nosso almoço composto por pães, queijo e mortadela. Nessa hora comecei a sentir muito frio por causa da roupa molhada que estava usando. Então fomos para a pousada e o frio passou.
Trocamos o dinheiro as 16h e aproveitamos para ver a previsão do tempo na intenet. Tristeza. O site indicava chuva nos próximos 5 dias. Depois soubemos, de um morador, que estava chovendo havia quase um mês. Meu caramba!
Carretera Austral com chuva é uma M...
Voltamos para a pousada, tomamos banho e jantamos muito bem, pois o Romulo preparou um super macarrão com direito a pêssego com creme de leite na sobremesa. Antes de dormir, decidimos que só iríamos prosseguir caso a chuva diminuísse.
Cogitarmos a possibilidade de desistir da viagem.
La Junta – 09, 10 e 11/01/2010
Quando acordamos a chuva não havia parado. Desâmino total. Após tormarmos café, fomos (Romulo e eu) procurar passagens de ônibus para Coyhaique, onde com certeza encontraríamos um local para sacarmos dinheiro. Encontramos uma empresa que fazia o trajeto desejado, mas pediram para voltarmos as 17h..
Voltamos encharcados para a pousada, almoçamos e aproveitamos o pequeno espaço de tempo em que a chuva deu uma trégua para passear na praça. Tiramos algumas fotos e logo a chuva voltou.
Então fomos novamente na empresa de ônibus e infelizmente não havia passagens, mas nos indicaram outra empresa que fazia o mesmo transporte. Lá conseguimos comprar passagens para Coyhaique, mas somente para o dia 11, ou seja, teríamos que passar mais um dia em La Junta. Lembro detalhadamente que perguntamos se no ônibus caberiam as 3 bicicletas. A resposta foi positiva. Ainda nos disseram que só precisaríamos tirar as rodas.
Regressamos para a pousada abaixo de chuva, nos trocamos, jantamos e fomos dormir.
O dia seguinte, 10 de janeiro, começou bem tarde, pois seria dedicado ao ócio. Tomamos café, assistimos um filme e depois fomos, apenas Romulo e eu, andar por uma trilha. Nessa hora o tempo havia melhorado.
Durante a caminhada pudemos observar a cidade de La Junta inteira, pois a trilha ficava em uma montanha bem próxima. Tiramos algumas fotos e voltamos.
No final do nosso dia de folga forçada ficamos assistindo televisão.
Enfim havia chego o dia 11 de janeiro, no qual sairíamos da cidade de La Junta. Acordamos as 5h, tomamos café e pontualmente as 5h e 30min o ônibus parou na frente do pousada.
Ônibus??? Na verdade o veículo que parou era uma van onde por motivos óbvios não couberam as 3 bicicletas. Mas uma vez a decepção tomou conta de nós. Esperamos até o horário comercial e fomos tirar satisfação com a empresa de transporte. A dona teve a cara-de-pau de falar que nos informou sobre a van. PQP! Eu sou calmo, mas a vontade era de voar no pescoço da cidadã. Pelo menos nosso dinheiro foi interamente devolvido.
Desânimo, tristeza, raiva, etc. Parecia que tudo de ruim que podia acontecer, estava acontecendo. Começou com a greve nas aduanas, depois a falta de dinheiro, seguida pela chuva, frio e os contratempos com o ônibus. Sem falar que o dinheiro que trocamos com o funcionário do mercado estava acabando.
Voltamos encharcados para a pousada, almoçamos e aproveitamos o pequeno espaço de tempo em que a chuva deu uma trégua para passear na praça. Tiramos algumas fotos e logo a chuva voltou.
Então fomos novamente na empresa de ônibus e infelizmente não havia passagens, mas nos indicaram outra empresa que fazia o mesmo transporte. Lá conseguimos comprar passagens para Coyhaique, mas somente para o dia 11, ou seja, teríamos que passar mais um dia em La Junta. Lembro detalhadamente que perguntamos se no ônibus caberiam as 3 bicicletas. A resposta foi positiva. Ainda nos disseram que só precisaríamos tirar as rodas.
Regressamos para a pousada abaixo de chuva, nos trocamos, jantamos e fomos dormir.
O dia seguinte, 10 de janeiro, começou bem tarde, pois seria dedicado ao ócio. Tomamos café, assistimos um filme e depois fomos, apenas Romulo e eu, andar por uma trilha. Nessa hora o tempo havia melhorado.
Durante a caminhada pudemos observar a cidade de La Junta inteira, pois a trilha ficava em uma montanha bem próxima. Tiramos algumas fotos e voltamos.
No final do nosso dia de folga forçada ficamos assistindo televisão.
Enfim havia chego o dia 11 de janeiro, no qual sairíamos da cidade de La Junta. Acordamos as 5h, tomamos café e pontualmente as 5h e 30min o ônibus parou na frente do pousada.
Ônibus??? Na verdade o veículo que parou era uma van onde por motivos óbvios não couberam as 3 bicicletas. Mas uma vez a decepção tomou conta de nós. Esperamos até o horário comercial e fomos tirar satisfação com a empresa de transporte. A dona teve a cara-de-pau de falar que nos informou sobre a van. PQP! Eu sou calmo, mas a vontade era de voar no pescoço da cidadã. Pelo menos nosso dinheiro foi interamente devolvido.
Desânimo, tristeza, raiva, etc. Parecia que tudo de ruim que podia acontecer, estava acontecendo. Começou com a greve nas aduanas, depois a falta de dinheiro, seguida pela chuva, frio e os contratempos com o ônibus. Sem falar que o dinheiro que trocamos com o funcionário do mercado estava acabando.
A decisão de abandonar a viagem estava tomada
Voltamos para o quarto e dormimos novamente. Antes da metade do dia saímos para procurar uma carona, mas o resultado foi nulo.
A tristeza era tão grande que na parte na tarde dormimos novamente. Só acordamos para preparar um café. E eis que enquanto estávamos indo até a padaria (ver a mis carretera austral), encontramos uma outra empresa de transporte que não estava aberta em nenhum dia. Entramos e conseguimos combinar o nosso transporte até Coyhaique, inclusive nos deixaram pagar quando chegássemos no destino. Ufa! Enfim um momento de alegria.
Nosso humour melhor muito. Jantamos, discutimos novos planos (inclusive de não abandonar a viagem) e dormimos
Nosso humour melhor muito. Jantamos, discutimos novos planos (inclusive de não abandonar a viagem) e dormimos
La Junta – Coyahique – 12/01/2011
Desta vez deu tudo certo. Saímos as 5h e 30min com as 3 bicicletas devidamente embarcadas numa van com espaço de sobra. Como já era de praxe, a chuva foi nossa companheira durante quase todo trajeto.
Primeiramente passamos por Puyuhuapi, uma vila bem charmosa. Depois pudemos ver a entrada do ventisqueiro Colgante, uma das atrações da carreteta austral que infelizmente não conhecemos. Vejam o link
Em seguida a van enfrentou uma subida forte e depois passou por algumas vilas até chegar em Coyhaique, onde conseguimos tirar dinheiro para pagar nosso translado.
Na cidade enfrentamos muito frio, porém não vimos nem uma gota de chuva. Ainda bem. Enquanto montávamos as bikes comentamos sobre o belíssimo trajeto (ventisqueiro, montanhas nevadas, rios, etc) que só pudemos apreciar da janela do automóvel.
Com as bicicletas prontas saímos a procura de uma lan house para pesquisar o preço das passagens aéreas entre Ushuaia e Curitiba. Infelizmente perdemos muitos dias com diversos contratempos e se continuássemos até Ushuaia, teríamos que voltar o mais rápido possível, ou seja, de avião. Ao olharmos os preços, tivemos uma grande decepção. Então com muita tristeza, eu e o Romulo, decidimos abandonar a viagem. Abaixo deixo a justificativa que escrevi para nossos amigos:
Infelizmente desistimos
O Motivo:
Em La Junta, nós estávamos quase sem dinheiro, molhados, com frio e só haveria caixa eletrônico em Coyhaique, 260 km de La Junta.
Resolvemos ficar numa pousada, pois as 4 horas da tarde, um homem iria trocar nossos pesos argentinos por chilenos.
Trocamos e iríamos sair no dia seguinte. Mas desanimamos ao acordarmos, pois a chuva continuava. Resolvemos ficar mais um dia na pousada e pensamos em pegar um ônibus até Coyhaique.
Só havia ônibus para segunda, e como a chuva não parava e a previsão do tempo para os 5 dias seguintes na região era mais chuva, resolvemos pegar o coletivo.
Na segunda, acordamos cedo e o ônibus era uma van minúscula, ou seja, não conseguimos embarcar. Discutimos com os donos da empresa de ônibus, pois eles falaram que o mesmo era grande e que as bikes iriam deitadas no bagageiro. Eu sou calmo, mas fiquei com vontade de bater na mulher da empresa.
Quase sem dinheiro, com chuva e com a moral bem baixa, tentamos procurar carona, sem sucesso é claro. Até que na hora de comprarmos pão, encontramos uma empresa (que só abriu durante poucos minutos) e pagamos uma van para o dia seguinte.
Eu e o Romulo já tinhamos decidido nosso futuro: Voltar para casa!
O Gustavo vai continuar.
Nossos corações querem continuar, mas olhando nosso tempo ( chegaríamos 3 dias atrasados em Ushuaia), a chuva ininterrupta (nao conheceríamos nada das belas paisagens) e a passagem de avião para voltar de Ushuaia ( R$ 2000,00), nossa razão diz que o melhor é fazer o resto da viagem no outro ano. Começando de Ushuaia (pegando uma passagem de avião mais barata, fora de temporada) e pedalando até Puerto Montt.
Com a decisão tomada, nós fomos almoçar e depois passamos na rodoviária para compramos passagens para o dia seguinte, com destino a cidade de Osorno. Depois nos hospedamos numa pousada perto da rodoviária. Desmontamos as bicicletas, passamos no mercado, jantamos e dormimos
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