Villa la Angostura – 01/01/2010
Adeus ano velho, feliz ano novo....
Exatamente a meia noite ouvimos os fogos e uma sirene ensurdecedora. O ano de 2010 acabava de “nascer”. As 5:30 min nosso alarme tocou e como o tempo ainda estava chuvoso, cumprimos o combinado da noite anterior e resolvemos passar o dia na cidade. Foi a melhor decisão. Dormimos novamente e aproveitamos para descansar bastante. Somente as 9h é que saímos da pousada para conhecer a cidade.
Nesta hora a chuva já não existia e pudemos desfrutar de todas as belezas de Villa la Angostura. Agora não estávamos mais dentro do Parque Nacional Lanin e sim dentro do Parque Nacional Nahuel Huapi. Migramos de parque durante a Ruta dos 7 Lagos. Andamos aproximadamente trinta minutos e chegamos a beira do lago que dá nome ao parque nacional.
O lugar é mágico. A sensação de estar ali curtindo o primeiro dia de 2010 foi muito parecida de quando nesta mesma viagem (parte 1) conhecemos o Aconcágua em pleno Natal. Aquele estresse do dia anterior tinha desaparecido completamente.
No mesmo local havia um bosque chamado Bosque dos Arrayanes. Arrayanes são árvores típicas da região. Entramos alguns metros no bosque, sentamos num tronco caído e brincamos de atirar pedras na água. A felicidade estava estampada nas nossas caras. Ficamos um bom tempo naquele paraíso e quando voltamos já estava quase na metade do dia. Então fomos almoçar e seguimos para a pousada.
O período da tarde foi dedicado a um cochilo e a limpeza das bikes, roupas, etc. Havíamos combinado sair à noite, porém a preguiça falou mais alto. Até porque no dia seguinte iríamos madrugar para seguirmos até Bariloche.
Vale a pena conhecer essa cidade
Villa la Angostura – Bariloche – 02/01/2010
Acordamos da 4h da madrugada e saímos as 6h. Nos primeiros quilômetros o frio foi nosso maior desafio. Não cheguei a conferir, mas com certeza a temperatura estava abaixo dos 6º.
Apesar de ser uma manhã congelante, aproveitamos muito o trajeto. A estrada seguia margeando o Lago Nahuel Huapi e após cada curva ou subida, nos revelava uma paisagem dos sonhos. Paramos inúmeras vezes para tirar fotos e tentar aproveitar cada momento daquela manhã. Registramos o lago com as montanhas nevadas, as árvores com suas flores amarelas e alguns rios.
Quando faltavam aproximadamente 50 km para Bariloche, encontramos novamente a família Moraes (os gaúchos que conhecemos do dia do Natal). Conversamos, tiramos fotos e nos despedimos. Um pouco mais a frente avistamos a nossa cidade destino. Foi outra visão impressionante: O Nahuel Huapi e ao fundo a famosa Bariloche com suas majestosas montanhas, inclusive o Cerro Catedral.
Faltando 20 km entramos na Ruta 40 e enfrentamos um vento contra bem forte. O Gustavo não sofreu tanto com o vento e disparou na frente. Só o encontramos perto da entrada da cidade.
Pessoalmente eu estava realizando um sonho. Desde criança sempre ouvia falar de Bariloche e agora estava lá pessoalmente. Pena que de longe a cidade parecia ser melhor, mas pedalando pelas ruas percebi que não passa de uma cidade normal, mas com vários atrativos naturais.
Almoçamos, entramos na internet e passeamos pelas principais ruas da cidade. Perto da praça principal, onde tem a estátua do General Roca, a prefeitura e o centro de turismo, um cicloturista nos deu dicas sobre o trajeto que iríamos percorrer. Inclusive sobre a chuva que provavelmente não escaparíamos. Pensei comigo: Não pode ser possível, esse cara está louco. Mais pra frente vocês vão ver quem estava certo. Ele ou eu.
O Romulo entrou no centro de turismo e buscou informações sobre camping. Confabulamos e decidimos pedalar mais alguns quilômetros e pernoitar perto do Lago Gutierrez e do Cerro Catedral, mas não sem antes passar no supermercado. Foi então que encontramos novamente o casal de Florianópolis. Proseamos rapidamente e nos despedimos.
Já com as compras feitas, pedalamos até bem próximo do Lago Gutierrez. Procuramos em 3 campings e decidimos pelo terceiro, que tem o mesmo nome do lago.. Uma ótima escolha! A estrutura do estabelecimento era perfeita. Sinceramente não sei qual era melhor. O camping em San Martin de Los Andes ou esse.
Bariloche – El Hoyo – 03/01/2010
Logo cedo saímos do lago Gutierrez por uma estrada de terra e entramos na Ruta 40. As montanhas nevadas e os lagos já estavam virando rotina, mas mesmo assim não deixamos de tirar fotos.
Pedalamos um trecho relativamente plano, enfrentamos um aclive forte e nos deliciamos com uma descida de aproximadamente 10 km. Que beleza!
No fim da descida encontramos o Gustavo, que havia disparado na frente, e um outro cicloturista chamado Frederico, que pretendia percorrer a Patagônia pela Ruta 40 para depois entrar na Ruta 3 e chegar até Ushuaia. Ao perceber que o Gustavo estava com um raio quebrado, o Frederico cedeu um para o nosso amigo. Nós estávamos impossibilitados de fazer isso, pois eu não tinha levado raios de reserva e os do Romulo não serviam.
Antes de continuarmos eu olhei na altimetria e avisei: Tem uma subida forte de quase 10 km. Que desânimo! Marcha leve, velocidade baixa e muita força para vencer a montanha, que após ser vencida nos presenteou com um bom declive. Depois subimos mais alguns quilômetros e descemos bastante até chegarmos na cascata da virgem. Nessa hora o Frederico não estava mais conosco, pois o ritmo dele não era tão forte.
Logo em seguida chegamos em El Bolsón. Procuramos alguns campings, mas nenhum nos pareceu muito bom. Então decidimos almoçar, pois as horas já estavam adiantadas. O Romulo encontrou um local onde compramos o maior sanduíche de milanesa. No estabelecimento fomos mal atendidos e não pudemos fazer uso das mesas, pois o dono queria fechar. O jeito foi devorar o gigantesco sanduíche no meio da rua.
Descobrimos que El Bolsón é uma cidade bem turística. Vários aventureiros aproveitam os lagos e as montanhas em torno dela.
Na praça principal há um posto de informações turísticas, onde o Romulo perguntou sobre locais de camping. O mais barato ficava a 15 km da cidade, em um vilarejo chamado El Hoyo. Conversamos e decidimos partir, até porque iríamos encurtar o trajeto do dia seguinte.
Despedimos-nos do Frederico que tinha acabado de chegar em El Bolsón e fomos até o mercado. Enquanto eu esperava meus dois companheiros do lado de fora, vi uma morena linda com um micro calção colado. Ai ai...quase que abandonei a viagem.
Mais algumas subidas, outras tantas descidas e finalmente havíamos chego em El Hoyo, porém o camping estava a mais 7 km. Pedalamos esses sete mil metros completando 144 km no dia e encontramos um local muito bom.
Era o terceiro acampamento “5 estrelas” da viagem. Com direito a banho gelado no rio Epuyén e depois uma ducha bem quente.
Como chegamos relativamente cedo, o Gustavo aproveitou para trocar o raio quebrado e só depois fomos jantar.
Este dia pode ser dividido em três partes: A primeira foi bem puxada, pois existiam muitas subidas até a cidade de Epuyén, onde fizemos uma parada para descanso e para comprar mantimentos. Quando decididos entrar na cidade e descemos um belo trecho, o freio do Gustavo estava fazendo um barulho enorme e só então notamos que ele estava sem uma borracha, que provavelmente foi perdida enquanto ele trocava o raio quebrado, mais um pouco e o aro da bicicleta dele iria sofrer sérios danos. Resolvemos o problema, compramos nossa comida e continuamos nossa jornada.
Depois de mais alguns quilômetros de subida, entramos novamente no maldito rípio e aqui começou a segunda e pior parte do dia. A estrada estava muito ruim. A combinação de pedras soltas, areia e ondulações foi terrível. Pedalávamos abaixo dos 10 km/h tanto nas retas, subidas ou descidas. O desgaste foi inevitável. As bicicletas sofreram bastante e novamente nosso amigo Gustavo foi premiado com um raio quebrado. Tensos e cansados seguimos até a vila/cidade de Chorila, onde almoçamos pão com queijo e presunto.
Enquanto descansávamos um pouco, notei que o meu pneu traseiro estava com algum objeto dentro, mas não tirei. Maldita hora que decidi não tirar, pois quando partimos para a terceira e última parte do dia, tive a infeliz surpresa de ter a câmara furada. Bem, pelo menos desta vez não estava chovendo e meus amigos puderam esperar.
Em seguida avistamos o belíssimo Lago Rivadavia e entramos no Parque Nacional los Alerces. Indignados com a cobrança de 30 pesos argentinos (R$ 15,00) para que adentrássemos no parque, resolvemos fazer um acampamento selvagem. Descemos até a margem do Rivadavia e montamos nossa barracas. Que sensação de liberdade! Tomamos um banho congelante no lago e depois aproveitamos o fim de tarde à beira do mesmo.
Pedalamos 88 km neste dia. Com subidas, rípio e recompensa no fim.
Acordamos com muito frio e com uma garoa fina, que logo desapareceu. Pedalamos 50 km dentro do parque e concluímos que os 30 pesos cobrados valeram à pena. Conhecemos o mirante do Lago Verde, a passarela dos Arrayanes e aproveitamos bastante as belas paisagens que o caminho nos proporcionou.
Quase na saída do parque encontramos um grupo de cicloturistas no sentido contrário. Conversamos, trocamos informações e seguimos.
Nosso almoço (pão, queijo, presunto e refrigerante) foi saboreado num gramado de uma mercearia que fica na cidade de Futaleufquen, a primeira cidade após o parque.
Na parte da tarde percorremos 32 km até Trevelin, sendo que 21 km eram de asfalto e o restante de rípio. Maldito rípio, que somado com fortes descidas e minha imprudência, fizeram que eu perdesse um extensor. Ainda bem que a bagagem não caiu.
Ao chegarmos em Trevelin eu fui pegar informações no centro de turismo. Depois discutimos onde seria nossa pernoite, passamos numa lan house, mercado e só então fomos para o camping, completando 88 km percorridos no dia.
Durante o banho, o registro do chuveiro espanou e praticamente tomei uma ducha gelada. Isso não seria um grande problema se o clima ajudasse, mas naquele dia enfrentamos o entardecer mais frio da aventura. Que M....!
Ao cair da noite, estava tão frio que só sai do saco de dormir para jantar nosso macarrão e logo voltei para o aconchego da minha barraca.
A longa descida
No fim da descida encontramos o Gustavo, que havia disparado na frente, e um outro cicloturista chamado Frederico, que pretendia percorrer a Patagônia pela Ruta 40 para depois entrar na Ruta 3 e chegar até Ushuaia. Ao perceber que o Gustavo estava com um raio quebrado, o Frederico cedeu um para o nosso amigo. Nós estávamos impossibilitados de fazer isso, pois eu não tinha levado raios de reserva e os do Romulo não serviam.
Antes de continuarmos eu olhei na altimetria e avisei: Tem uma subida forte de quase 10 km. Que desânimo! Marcha leve, velocidade baixa e muita força para vencer a montanha, que após ser vencida nos presenteou com um bom declive. Depois subimos mais alguns quilômetros e descemos bastante até chegarmos na cascata da virgem. Nessa hora o Frederico não estava mais conosco, pois o ritmo dele não era tão forte.
Logo em seguida chegamos em El Bolsón. Procuramos alguns campings, mas nenhum nos pareceu muito bom. Então decidimos almoçar, pois as horas já estavam adiantadas. O Romulo encontrou um local onde compramos o maior sanduíche de milanesa. No estabelecimento fomos mal atendidos e não pudemos fazer uso das mesas, pois o dono queria fechar. O jeito foi devorar o gigantesco sanduíche no meio da rua.
Na praça principal há um posto de informações turísticas, onde o Romulo perguntou sobre locais de camping. O mais barato ficava a 15 km da cidade, em um vilarejo chamado El Hoyo. Conversamos e decidimos partir, até porque iríamos encurtar o trajeto do dia seguinte.
Frederico de camisa amarela
Mais algumas subidas, outras tantas descidas e finalmente havíamos chego em El Hoyo, porém o camping estava a mais 7 km. Pedalamos esses sete mil metros completando 144 km no dia e encontramos um local muito bom.
Era o terceiro acampamento “5 estrelas” da viagem. Com direito a banho gelado no rio Epuyén e depois uma ducha bem quente.
Como chegamos relativamente cedo, o Gustavo aproveitou para trocar o raio quebrado e só depois fomos jantar.
El Hoyo – Parque Nacional los Alerces – 04/01/2010
Este dia pode ser dividido em três partes: A primeira foi bem puxada, pois existiam muitas subidas até a cidade de Epuyén, onde fizemos uma parada para descanso e para comprar mantimentos. Quando decididos entrar na cidade e descemos um belo trecho, o freio do Gustavo estava fazendo um barulho enorme e só então notamos que ele estava sem uma borracha, que provavelmente foi perdida enquanto ele trocava o raio quebrado, mais um pouco e o aro da bicicleta dele iria sofrer sérios danos. Resolvemos o problema, compramos nossa comida e continuamos nossa jornada.
Depois de mais alguns quilômetros de subida, entramos novamente no maldito rípio e aqui começou a segunda e pior parte do dia. A estrada estava muito ruim. A combinação de pedras soltas, areia e ondulações foi terrível. Pedalávamos abaixo dos 10 km/h tanto nas retas, subidas ou descidas. O desgaste foi inevitável. As bicicletas sofreram bastante e novamente nosso amigo Gustavo foi premiado com um raio quebrado. Tensos e cansados seguimos até a vila/cidade de Chorila, onde almoçamos pão com queijo e presunto.
Enquanto descansávamos um pouco, notei que o meu pneu traseiro estava com algum objeto dentro, mas não tirei. Maldita hora que decidi não tirar, pois quando partimos para a terceira e última parte do dia, tive a infeliz surpresa de ter a câmara furada. Bem, pelo menos desta vez não estava chovendo e meus amigos puderam esperar.
Em seguida avistamos o belíssimo Lago Rivadavia e entramos no Parque Nacional los Alerces. Indignados com a cobrança de 30 pesos argentinos (R$ 15,00) para que adentrássemos no parque, resolvemos fazer um acampamento selvagem. Descemos até a margem do Rivadavia e montamos nossa barracas. Que sensação de liberdade! Tomamos um banho congelante no lago e depois aproveitamos o fim de tarde à beira do mesmo.
Pedalamos 88 km neste dia. Com subidas, rípio e recompensa no fim.
Parque Nacional los Alerces – Trevelin – 05/01/2010
Acordamos com muito frio e com uma garoa fina, que logo desapareceu. Pedalamos 50 km dentro do parque e concluímos que os 30 pesos cobrados valeram à pena. Conhecemos o mirante do Lago Verde, a passarela dos Arrayanes e aproveitamos bastante as belas paisagens que o caminho nos proporcionou.
Quase na saída do parque encontramos um grupo de cicloturistas no sentido contrário. Conversamos, trocamos informações e seguimos.
Nosso almoço (pão, queijo, presunto e refrigerante) foi saboreado num gramado de uma mercearia que fica na cidade de Futaleufquen, a primeira cidade após o parque.
Lago em Futaleufquen
Ao chegarmos em Trevelin eu fui pegar informações no centro de turismo. Depois discutimos onde seria nossa pernoite, passamos numa lan house, mercado e só então fomos para o camping, completando 88 km percorridos no dia.
Durante o banho, o registro do chuveiro espanou e praticamente tomei uma ducha gelada. Isso não seria um grande problema se o clima ajudasse, mas naquele dia enfrentamos o entardecer mais frio da aventura. Que M....!
Ao cair da noite, estava tão frio que só sai do saco de dormir para jantar nosso macarrão e logo voltei para o aconchego da minha barraca.
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