Longo caminho até Mendoza
Conforme eu havia combinado com o Gustavo, as quatro e quarenta e cinco da manhã do dia vinte de dezembro de 2009, ele e seu pai vieram me buscar com uma van para irmos até a Rodoferroviária de Curitiba. Ao chegarmos lá, o Romulo já nos esperava.
Cumprimentos, apresentações, foto inicial e as cinco e trinta partimos num ônibus com destino a Buenos Aires.
Ônibus saiu de Curitiba vazio, com espaço de sobra para as bicicletas que estavam devidamente embaladas dentro de caixas, mas ao passarmos por Camboriú, no litoral catarinense, ficou cheio. O Romulo novamente teve uma desagradável companhia: Uma mulher, com uma criança de colo, sentou ao lado dele. O Gustavo e eu não pudemos segurar nosso riso, pois quando estávamos na van eu comentei que na volta da cicloviagem até Salvador o Romulo tinha sido premiado com o incômodo de ter uma mulher com criança de colo ao lado. O coletivo passou por Florianópolis antes da onze da manhã e o nosso almoço foi as duas da tarde na cidade de Araranguá, ainda no estado de Santa Catarina. Um pouco antes das seis da tarde estávamos em Porto Alegre e as oito da noite jantamos em Pântano Grande, Rio Grande do Sul. Depois da janta começou nosso martírio, pois ao invés de colocarem filmes no dvd do ônibus, resolveram enfiar um show de pagode do Alexandre Pires com volume acima do normal (nada contra o artista, mas pagode é de matar). Fiz um esforço danado para dormir e pouco tempo depois de conseguir, nós paramos em Uruguaiana, última cidade antes de entrar na Argentina, isto é, logo passaríamos pela aduana. Em Uruguaiana desceram muitas pessoas e o carro ficou vazio novamente. Na aduana apenas quiseram saber o que havia dentro da caixa que o Gustavo estava levando, pois era uma caixa de tv de plasma. Informamos que havia uma bicicleta dentro e tudo foi resolvido.
Havíamos entrado na Argentina e durante o resto da madrugada foram muitos quilômetros nas já conhecidas retas infinitas. Perto do amanhecer paramos para tomarmos café e dali em diante eu não dormi mais. Reta, estrada em construção e na hora do almoço entramos em Buenos Aires. Cidade grande, muito grande, com um aeroporto perto da rodoviária e do porto. No nosso horário de verão chegamos as 13h:30min na capital argentina, mas lá eram meio-dia e meia. Retiramos nossas bagagens do ônibus e colocamos dentro da rodoviária, onde o Gustavo ficou cuidando enquanto eu e o Romulo fomos comprar passagens para Mendoza. Conseguimos comprar passagens para as 19 h:20 min por duzentos pesos, isto é, uns cem reais. Após, ficamos revezando a vigília das bagagens até que sentamos os três no meu colchão inflável. Depois de um bom tempo descansando, o Romulo deu por falta de uma bolsa que continha repositor de carboidrato, mapas, jornal, frutas e o mais importante: Uma jaqueta da Mizuno. Nós havíamos sido roubados! Ficamos indignados e passamos a prestar mais atenção em nossas coisas. Perto do horário do nosso embarque, nós deixamos as coisas prontas e foi então que o sofrimento começou, pois o terminal rodoviário estava muito cheio, o ônibus estava atrasado e nós já estávamos pensando que tínhamos perdido o próprio. Foi um sufoco danado até que perto das oito da noite conseguimos embarcar. Pelo menos o ônibus era bom e o atendimento excelente, o que me fez esquecer os contratempos daquela tarde, principalmente o pior de todos: Meu cash passaport não estava funcionando, me impossibilitando de sacar dinheiro. A última tentativa foi a de trocar a senha (pela internet) e esperar para tentar no dia seguinte.
Chegando em Mendoza, ficamos maravilhados com as imensas montanhas que ficavam ao fundo da cidade. Ao descermos na rodoviária, o senhor que estava ao meu lado fez questão de me apresentar uma moça chilena com quem ele tinha conversando antes do embarque. Troquei poucas palavras com a moça e depois me despedi. Montamos as bikes e enquanto o Romulo e o Gustavo foram na internet eu fui no caixa eletrônico. Fiquei bem feliz ao conseguir sacar dinheiro. O Gustavo encontrou um posto de informações e pegou um mapa da cidade para que pudéssemos conhecê-la. Saímos do terminal rodoviário perto do meio-dia.
Primeiramente fomos comer algo, após pedalamos por algumas praças e encontramos uma cicloturista
Nos despedimos e fomos conhecer o parque General San Martin. Detalhe, o parque cobre praticamente metade de Mendoza. Dentro dele descobrimos um camping que custava 28 pesos argentinos para 2 barracas (aproximadamente R$ 14,00). Tentamos negociar o mesmo preço para 3 barracas, mas não adiantou.
Resolvemos voltar para as ruas da cidade, comprar comida, Malto Dextrina e tentar encontrar um local para dormir. Na saída do parque avistamos um lago muito bonito, no qual tiramos várias fotos. Alguns minutos depois, um casal de brasileiros (Cláudio Tessari e Denise Frake) veio conversar conosco. Proseamos um pouco e seguimos nosso caminho.
Vagamos pelas ruas da bela cidade de Mendoza sem encontrar o tão desejado Malto, mas acabamos achando um senhor que ameaçou chamar a polícia, pois estávamos pedalando na calçada. Tem cada maluco por este mundo! Após, avistamos uma loja de artigos esportivos onde compramos camisetas com estampas referentes ao monte Aconcágua. Sobre o local para dormir, o Romulo tentou ligar para o David (um argentino que ficou de nos dar abrigo), mas não obteve sucesso. Então decidimos voltar ao camping, mas não sem antes comprar macarrão. O Gustavo foi o escolhido pra entrar no supermercado e demorou um tempo gigantesco para efetuar a compra, isto porque ele (nem nós: Romulo e eu) sabíamos o nome do macarrão instantâneo em espanhol (Maruchan). Ao voltarmos para o parque, antes de chegarmos no camping, fomos chamados ou assediados com assobios por algumas mulheres que infelizmente estavam fora dos nossos padrões de beleza. Por que isto não aconteceu no Rio de Janeiro?
Já no camping, conseguimos falar com o dono e acertamos o preço de 28 pesos para as três barracas. Enquanto o Romulo fazia o seu macarrão, eu fui tomar banho e descobri que a água do chuveiro era aquecida no fogo, isso mesmo, no fogo..
Após a janta fomos dormir, pois o dia seguinte seria o começo da nossa aventura.
Cumprimentos, apresentações, foto inicial e as cinco e trinta partimos num ônibus com destino a Buenos Aires.
Ônibus saiu de Curitiba vazio, com espaço de sobra para as bicicletas que estavam devidamente embaladas dentro de caixas, mas ao passarmos por Camboriú, no litoral catarinense, ficou cheio. O Romulo novamente teve uma desagradável companhia: Uma mulher, com uma criança de colo, sentou ao lado dele. O Gustavo e eu não pudemos segurar nosso riso, pois quando estávamos na van eu comentei que na volta da cicloviagem até Salvador o Romulo tinha sido premiado com o incômodo de ter uma mulher com criança de colo ao lado. O coletivo passou por Florianópolis antes da onze da manhã e o nosso almoço foi as duas da tarde na cidade de Araranguá, ainda no estado de Santa Catarina. Um pouco antes das seis da tarde estávamos em Porto Alegre e as oito da noite jantamos em Pântano Grande, Rio Grande do Sul. Depois da janta começou nosso martírio, pois ao invés de colocarem filmes no dvd do ônibus, resolveram enfiar um show de pagode do Alexandre Pires com volume acima do normal (nada contra o artista, mas pagode é de matar). Fiz um esforço danado para dormir e pouco tempo depois de conseguir, nós paramos em Uruguaiana, última cidade antes de entrar na Argentina, isto é, logo passaríamos pela aduana. Em Uruguaiana desceram muitas pessoas e o carro ficou vazio novamente. Na aduana apenas quiseram saber o que havia dentro da caixa que o Gustavo estava levando, pois era uma caixa de tv de plasma. Informamos que havia uma bicicleta dentro e tudo foi resolvido.
Havíamos entrado na Argentina e durante o resto da madrugada foram muitos quilômetros nas já conhecidas retas infinitas. Perto do amanhecer paramos para tomarmos café e dali em diante eu não dormi mais. Reta, estrada em construção e na hora do almoço entramos em Buenos Aires. Cidade grande, muito grande, com um aeroporto perto da rodoviária e do porto. No nosso horário de verão chegamos as 13h:30min na capital argentina, mas lá eram meio-dia e meia. Retiramos nossas bagagens do ônibus e colocamos dentro da rodoviária, onde o Gustavo ficou cuidando enquanto eu e o Romulo fomos comprar passagens para Mendoza. Conseguimos comprar passagens para as 19 h:20 min por duzentos pesos, isto é, uns cem reais. Após, ficamos revezando a vigília das bagagens até que sentamos os três no meu colchão inflável. Depois de um bom tempo descansando, o Romulo deu por falta de uma bolsa que continha repositor de carboidrato, mapas, jornal, frutas e o mais importante: Uma jaqueta da Mizuno. Nós havíamos sido roubados! Ficamos indignados e passamos a prestar mais atenção em nossas coisas. Perto do horário do nosso embarque, nós deixamos as coisas prontas e foi então que o sofrimento começou, pois o terminal rodoviário estava muito cheio, o ônibus estava atrasado e nós já estávamos pensando que tínhamos perdido o próprio. Foi um sufoco danado até que perto das oito da noite conseguimos embarcar. Pelo menos o ônibus era bom e o atendimento excelente, o que me fez esquecer os contratempos daquela tarde, principalmente o pior de todos: Meu cash passaport não estava funcionando, me impossibilitando de sacar dinheiro. A última tentativa foi a de trocar a senha (pela internet) e esperar para tentar no dia seguinte.
Chegando em Mendoza, ficamos maravilhados com as imensas montanhas que ficavam ao fundo da cidade. Ao descermos na rodoviária, o senhor que estava ao meu lado fez questão de me apresentar uma moça chilena com quem ele tinha conversando antes do embarque. Troquei poucas palavras com a moça e depois me despedi. Montamos as bikes e enquanto o Romulo e o Gustavo foram na internet eu fui no caixa eletrônico. Fiquei bem feliz ao conseguir sacar dinheiro. O Gustavo encontrou um posto de informações e pegou um mapa da cidade para que pudéssemos conhecê-la. Saímos do terminal rodoviário perto do meio-dia.
Primeiramente fomos comer algo, após pedalamos por algumas praças e encontramos uma cicloturista
Nos despedimos e fomos conhecer o parque General San Martin. Detalhe, o parque cobre praticamente metade de Mendoza. Dentro dele descobrimos um camping que custava 28 pesos argentinos para 2 barracas (aproximadamente R$ 14,00). Tentamos negociar o mesmo preço para 3 barracas, mas não adiantou.
Resolvemos voltar para as ruas da cidade, comprar comida, Malto Dextrina e tentar encontrar um local para dormir. Na saída do parque avistamos um lago muito bonito, no qual tiramos várias fotos. Alguns minutos depois, um casal de brasileiros (Cláudio Tessari e Denise Frake) veio conversar conosco. Proseamos um pouco e seguimos nosso caminho.
Vagamos pelas ruas da bela cidade de Mendoza sem encontrar o tão desejado Malto, mas acabamos achando um senhor que ameaçou chamar a polícia, pois estávamos pedalando na calçada. Tem cada maluco por este mundo! Após, avistamos uma loja de artigos esportivos onde compramos camisetas com estampas referentes ao monte Aconcágua. Sobre o local para dormir, o Romulo tentou ligar para o David (um argentino que ficou de nos dar abrigo), mas não obteve sucesso. Então decidimos voltar ao camping, mas não sem antes comprar macarrão. O Gustavo foi o escolhido pra entrar no supermercado e demorou um tempo gigantesco para efetuar a compra, isto porque ele (nem nós: Romulo e eu) sabíamos o nome do macarrão instantâneo em espanhol (Maruchan). Ao voltarmos para o parque, antes de chegarmos no camping, fomos chamados ou assediados com assobios por algumas mulheres que infelizmente estavam fora dos nossos padrões de beleza. Por que isto não aconteceu no Rio de Janeiro?
Já no camping, conseguimos falar com o dono e acertamos o preço de 28 pesos para as três barracas. Enquanto o Romulo fazia o seu macarrão, eu fui tomar banho e descobri que a água do chuveiro era aquecida no fogo, isso mesmo, no fogo..
Após a janta fomos dormir, pois o dia seguinte seria o começo da nossa aventura.
Mendoza/Arg – Uspallata/Arg
Acordamos as seis horas da madrugada, tomamos nosso café (pães e bolochas) e saímos as oito e vinte. Demoramos um pouco até encontrar a avenida corredor del oeste que nos levaria até a famosa ruta 7.
A região tem clima muito seco e precisamos tomar muito cuidado com a água que carregávamos, mas a vista já era extraordinária. A estrada passa em meio a Cordilheira dos Andes e é diferente de tudo que estamos acostumados a ver. Tivemos uma manhã difícil, com sol forte, clima seco e inúmeras subidas. O Gustavo começou a passar mal, mas logo descobrimos o problema: ele estava pedalando sem capacete e não havia se alimentado bem no café da manhã. Resolvido este problema nos deparamos com uma descida enorme e um belíssimo lago azul no final da mesma. Paisagem surreal que nos fez parar, tirar muitas fotos, descansarmos e tirarmos a conclusão que as subidas valeram a pena.
Depois de um bom tempo parados, continuamos em direção a vila de Potrerillos. No meio do caminho um casal de brasileiros (Flávio e Beatriz) parou seu carro para conversar conosco. Trocamos informações e e-mails. Seguindo nosso caminho, logo chegamos a vila, onde almoçamos.
A vila de Potrerillos é bem pequena, mas muito bonita. Depois de algumas informações, encontramos um restaurante que ficava no fim de uma descida íngreme e já estávamos preocupados com a volta, ou seja, a subida. Durante o almoço um detalhe nos chamou a atenção: O banheiro do restaurante era muito bizarro. Começando pelo vaso sanitário que ficava em cima de um degrau de concreto, fazendo jus ao popular nome de trono, passando pela pia que era simplesmente um tambor azul com uma mangueira em cima e finalmente fechando com um botijão de gás que alimentava o fogão do outro lado da parede.
Após o almoço não precisamos subir até a entrada da vila, pois havia um caminho paralelo que depois de alguns quilômetros se encontrava com a estrada principal. Nem preciso dizer que o trajeto continuava perfeito, com suas subidas, curvas, montanhas e agora com o rio Mendoza do lado direito. Este rio tem uma correnteza forte onde muitos turistas praticam rafting e numa das vezes que paramos para observar os aventureiros que desciam o rio, encontramos uma placa com os dizeres: Oficina a 760km. Demos muita risada dessa placa absurda e até tiramos uma foto simulando um problema na bike...rs.
Um pouco antes de chegarmos em Uspallata a ciclista Ângela, que havíamos encontrado no dia anterior, nos ultrapassou e enquanto comentávamos a resistência daquela ciclista tivemos uma grande surpresa ao ver o seu amigo (que não lembro o nome) passar por nós numa velocidade incrível para alguém que estava subindo a cordilheira carregado com bagagens. Depois viemos a saber que os dois são corredores profissionais na Inglaterra e que o rapaz subiu os quase 2000 metros parando apenas uma vez. IMPRESSIONANTE!
Nós continuamos no nosso ritmo e perto das 20h chegamos em Uspallata. Um oásis no meio do deserto. Logo encontramos um camping e montamos nossas coisas. No camping estavam os ciclistas voadores. Conversamos um pouco mais sobre suas aventuras e descobrimos que eles estavam viajando desde o Equador e pretendiam seguir até Ushuaia, igual nós.
Com uma boa prosa e um jantar rico em carboidratos (miojo) terminamos nosso primeiro dia da grande aventura. Foram 124km percorridos em quase 12h e uma ascensão de praticamente 2000 metros. Ufa
Uspallata – Puente del Inca - 24/12/2009
Acordamos as 5h da madruga, tomamos nosso café e saímos para pedalar as 7:20 min rumo a Puente del Inca, um povoado situado a 2700 m de altitude. A paisagem mudou mas continuou incrível. Montes cobertos de neve começaram a aparecer de vários cantos. Um visão maravilhosa que é difícil descrever. Digamos que nossos olhos brilhavam e nossas almas sorriam. Entretanto não posso esquecer de comentar que o frio começava a fazer parte da nossa viagem, além das subidas é claro. O bom é que entre uma subida e outra sempre havia uma descida ou uma reta para o “descanso” do corpo.
E foi num trecho desses de “descanso” que tirei a melhor foto do dia, ou até da viagem. Esperei o Romulo sumir na curva pra tirar a foto e quando eu ia apertar o botão da câmera o Gustavo me passa, puts, tive que esperar o Gustavo desaparecer na curva. Então apareceu um carro no sentido contrário e só depois pude tirar a foto.
Valeu a pena ter paciência.
Seguindo nosso caminho, chegamos em Polvaredas (2400m acima do nível do mar) onde fizemos uma parada para comer pão e descansar. Quando começamos a pedalar novamente, enfrentamos uma longa subida que separou nosso grupo: Romulo e eu na frente, com o Gustavo alguns minutos atrás. Mais a frente passamos por Punta del Vacas, onde o Romulo fez uma pequena parada e eu continuei. Atravessei novamente uma longa subida, pedalei um pouco em algumas retas e cheguei em Penitentes. Ali parei para esperar meus companheiros. O Romulo apareceu pouco tempo depois e enquanto esperávamos o Gustavo tiramos fotos do Vulcão Tupungato, mas que na hora eu pensava ser o Aconcágua.
Paramos na frente de um museu que estava fechado, mas que foi invadido pela minha pessoa à procura da única sombra boa, pois nesta hora o sol já estava começando a incomodar. Quando o Gustavo chegou, foi logo tratando de invadir também, mas acabou acionando o alarme e tivemos que sair rapidamente...ahaha.
Faltavam somente oito quilômetros, mas foram os mais sofridos do dia. O vento aumentou tanto que nossa velocidade média não ultrapassava os 10km/h nas retas. Com muito esforço chegamos em Puente del Inca, 2700m de altitude. Empolgados com a chegada, fomos procurar restaurantes na pequena vila. Então descobrimos que estavam fechados ou eram muito caros. Decepção total! Perguntando descobrimos que havia uma lanchonete que ficava a 1,5km de onde estávamos. A fome era tanta que não pensamos duas vezes em percorrer o trajeto até a tal lanchonete, mas como tudo tem um preço, o bendito caminho era inteiro com aclives...que M.
Quando finalmente chegamos no estabelecimento, descobrimos que ali funcionava a aduana, mas só para quem estava fazendo o sentido contrário. Os nossos trâmites seriam feitos na aduana que fica do lado chileno. Ali também reencontramos a Ângela e seu amigo, pois eles saíram antes de Uspallata.
Comemos um sanduíche gigante, descansamos, voltamos para a vila, encontramos um camping por 10 pesos argentinos (R$ 5,00) e passamos o resto da tarde de folga apreciando a linda visão da vila de Puente del Inca. O trajeto do dia foi de 76km, mas que valeram por infinitos, diante da beleza e dificuldade da cordilheira.
Quando finalmente chegamos no estabelecimento, descobrimos que ali funcionava a aduana, mas só para quem estava fazendo o sentido contrário. Os nossos trâmites seriam feitos na aduana que fica do lado chileno. Ali também reencontramos a Ângela e seu amigo, pois eles saíram antes de Uspallata.
Comemos um sanduíche gigante, descansamos, voltamos para a vila, encontramos um camping por 10 pesos argentinos (R$ 5,00) e passamos o resto da tarde de folga apreciando a linda visão da vila de Puente del Inca. O trajeto do dia foi de 76km, mas que valeram por infinitos, diante da beleza e dificuldade da cordilheira.
Puente del Inca – Los Andes – 25/12/2009
Vinte e cinco de dezembro de 2009, um dia de Natal que vai ficar gravado em nossas memórias.
Durante a noite escutei fogos comemorando o dia sagrado, mas não tive coragem de sair do aconchego do meu saco de dormir, pois o frio e o vento estavam deixando a temperatura próxima de zero. Apenas fiquei em silêncio...
...agradecendo, pensando, rezando, meditando, ...
A sensação de olhar, mesmo de longe, aquela montanha gigantesca, imponente entre tantas outras da cordilheira, foi mágica. Melhor presente de Natal seria impossível, pena que nosso grupo não estava completo nesta hora, pois o Gustavo não viu a entrada do mirante e acabou seguindo adiante.
Maravilhados e ao mesmo tempo preocupados com nosso companheiro, voltamos para a estrada principal e pedalamos montanha acima com o vento forte batendo em nossos rostos. Foi a parte mais difícil de todas. Subidas íngremes e intermináveis até chegarmos na entrada de um túnel onde nosso companheiro Gustavo nos esperava.
Conversamos sobre o Aconcágua, descansamos e resolvemos enfrentar o túnel que pensei ser o famoso paso Cristo Redentor. Pensei errado, como sempre. Após o túnel, chegamos na vila de Las Cuevas, com seus 3150m de altitude. Las Cuevas é o último povoado do lado argentino, pois logo depois da vila, existe o tal paso Cristo Redentor, que é o marco da fronteira com o Chile.
Há dois caminhos para se atravessar: O primeiro e mais fácil é o túnel, já o segundo consiste em subir mais uns 800m e cruzar a montanha por cima. O Romulo deu a idéia de subirmos, mas eu e o Gustavo preferimos o trajeto mais fácil. Ah....como me arrependo disso! Em poucos minutos um caminhão, da empresa que administra a estrada, apareceu para nos levar até o outro lado, pois é estritamente proibido pedalar pelo túnel.
Conversamos sobre o Aconcágua, descansamos e resolvemos enfrentar o túnel que pensei ser o famoso paso Cristo Redentor. Pensei errado, como sempre. Após o túnel, chegamos na vila de Las Cuevas, com seus 3150m de altitude. Las Cuevas é o último povoado do lado argentino, pois logo depois da vila, existe o tal paso Cristo Redentor, que é o marco da fronteira com o Chile.
Há dois caminhos para se atravessar: O primeiro e mais fácil é o túnel, já o segundo consiste em subir mais uns 800m e cruzar a montanha por cima. O Romulo deu a idéia de subirmos, mas eu e o Gustavo preferimos o trajeto mais fácil. Ah....como me arrependo disso! Em poucos minutos um caminhão, da empresa que administra a estrada, apareceu para nos levar até o outro lado, pois é estritamente proibido pedalar pelo túnel.
Caminho por cima da montanha
Ao chegarmos do outro lado percebemos que bem perto havia uma montanha com neve. Deixamos as bikes ao lado de um galpão e fomos brincar na neve. Não era uma grande quantidade, mas para os três bobos que nunca tiveram contato com a neve, foi uma maravilha. Escorregamos, atacamos bolas uns nos outros, tiramos fotos e saímos com um sorriso que não cabia na boca.
Voltando para a estrada a alegria continuou, pois uma longa descida nos esperava. Foram aproximadamente 4 kms até a aduana, onde encontramos uma família gaúcha que estava viajando de carro, a família Moraes. Conversamos, tiramos fotos e nos despedimos, pois como nós estávamos de bicicleta, não precisamos enfrentar a fila.
Na aduana o Gustavo quando perguntado qual seria o destino no Chile respondeu em alto e bom som: LATOEIROS.
Com todos os trâmites resolvidos, continuamos com nosso pedal natalino. Sabíamos que durante a descida iríamos passar pelos caracoles, mas não esperávamos encontrar uma lagoa com água azul clara. Era a Laguna del Inca. Perfeita. Durante o inverno ela congela e no local existe uma pista de esqui, porém no verão, o gelo derrete formando uma bela lagoa.
???
O Romulo e eu não agüentamos e começamos a rir, pois o nosso destino era Los Andes. Sinceramente não sei de onde ele tirou latoeiros....ahahha. Com todos os trâmites resolvidos, continuamos com nosso pedal natalino. Sabíamos que durante a descida iríamos passar pelos caracoles, mas não esperávamos encontrar uma lagoa com água azul clara. Era a Laguna del Inca. Perfeita. Durante o inverno ela congela e no local existe uma pista de esqui, porém no verão, o gelo derrete formando uma bela lagoa.
Ao voltamos para o trajeto, encontramos os caracoles. Ah.....os caracoles! Uma obra fantástica de engenharia. Eu estava realizando um sonho. Pedalar (descendo ou subindo) pela estrada sinuosa dos caracoles é algo indescritível. Toda a altitude que alcançamos nos dias anteriores estava diminuindo rapidamente ao descer aquela maravilha. Durante a descida encontramos um casal do Maranhão que parou o carro para conversar conosco e também outros ciclistas que pareciam nem saber aonde era o Brasil quando o Romulo falou sobre nossa nacionalidade. Incrível. Brasil poxa! Como não conhece?
Já no final da descida paramos para colocar roupas mais leves, porque com a diferença de altitude o frio deixou de nos incomodar. Seguimos então para nosso destino daquele dia: Los Andes. Percebemos que a paisagem começou a mudar, deixando de ser desértica. Atravessamos uma parte da estrada que estava em reforma e logo paramos numa casa (restaurante) que infelizmente estava fechada. Com fome, decidimos comer os pães que ainda restavam em nossas bagagens e depois seguimos com uma media muito forte para cicloturistas carregados. Média de 30km/h.
Assim chegamos rapidamente na cidade de Los Andes, onde conseguimos em posto para acampar. Porém o local era muito aberto e parecia não ser seguro durante a noite. Resolvemos pegar uma pousada por aproximadamente R$ 15,00. Estava perfeito, contudo um pouco mais tarde descobrimos que poderíamos ter ficado na casa de uma chilena que havia respondido o e-mail do Romulo ou até num local de caminhoneiros brasileiros. Infelizmente já estávamos hospedados na pousada e combinamos que nos próximos dias não iríamos nos precipitar.
Para finalizar o dia de Natal, no qual pedalamos 93 km, comemos numa lanchonete muito boa que vendia um cachorro quente chamado Fogonazo, com direito a abacate no pão.
Assim chegamos rapidamente na cidade de Los Andes, onde conseguimos em posto para acampar. Porém o local era muito aberto e parecia não ser seguro durante a noite. Resolvemos pegar uma pousada por aproximadamente R$ 15,00. Estava perfeito, contudo um pouco mais tarde descobrimos que poderíamos ter ficado na casa de uma chilena que havia respondido o e-mail do Romulo ou até num local de caminhoneiros brasileiros. Infelizmente já estávamos hospedados na pousada e combinamos que nos próximos dias não iríamos nos precipitar.
Para finalizar o dia de Natal, no qual pedalamos 93 km, comemos numa lanchonete muito boa que vendia um cachorro quente chamado Fogonazo, com direito a abacate no pão.
Los Andes – Santiago - 26/12/2009
Começar o dia tomando café (pão com queijo e presunto) no meio fio não tem preço...ahaha. Na verdade tem, só que é bem mais barato do que pedir misto quente na padaria.
Depois do café, pegamos a estrada para Santiago. Durante o trajeto de 75km até a capital chilena enfrentamos somente uma subida forte, atravessamos de caminhonete um túnel e encontramos muito speedeiros nos quais pegamos um bom vácuo.
Em Santiago, a maior dificuldade foi achar o caminho até o Palácio La Moneda.. Ao chegarmos, começamos a procurar restaurantes. Tentamos o mercado municipal, uma feira e acabamos comendo numa lanchonete. A grande descoberta foi que o abacate é muito utilizado nos sanduíches e não somente no Fogonazo.
Após o almoço tentamos procurar Malto Dextrina. Sem êxito novamente. Pensamos ter Malto nas bicicletarias e então o Gustavo perguntou para um “bicicleteiro” onde havia uma. Foi a maior desgraça! Tivemos que seguir o fulano por várias ruas até chegar numa loja que só vendia peças não muito confiáveis...ahahha. Só perdemos tempo, sem falar que numa das ruas, entramos na contra-mão e o nosso guia quase derrubou uma senhora.
Centro de Santiago
Na volta o pneu do Gustavo estourou. Foi um grande susto. Emprestei minha bike e ele voltou para a bicicletaria. Acabou comprando um pneu que custava R$ 7,50....ahaha. Ao mesmo tempo, o Romulo foi procurar outras lojas de bikes. Encontrou quase tudo, menos Malto. Quando nos reunimos novamente decidimos ir até a pousada que eu e o Nelson ficamos em janeiro de 2008. Bastou seguir a avenida Liberdador O’Higgins e pronto.
A pousada parecia um cortiço. Quartos remendados, fiação elétrica exposta, algumas partes das paredes e pisos de maneira visivelmente mal cuidadas, camas bambas, encanamento do chuveiro fazendo muito barulho devido a pressão da água, etc. Mesmo assim ficamos neste lugar...ahaha
Depois de devidamente instalados fomos na rodoviária comprar passagens para Pucón e acessamos a net numa lan house. Aqui vale destacar a loiraça que estava na lan.
De noite fomos procurar pizza e para nossa surpresa, em um local chamado Pio – Pizza não havia pizza. Achamos muito estranho e o garçom nos explicou que era só o nome do estabelecimento. Pô...então muda de nome. Atencioso, o garçom apontou para um lugar onde haveria pizza e completou dizendo: Daqui 3 quadras. Na hora nós três começamos a rir sem parar, pois durante todo o dia as pessoas responderam 3 quadras quando perguntamos algum local. Explicamos este fato para o garçom, que compreendeu nosso ataque de riso.
Andamos bastante, entretanto não encontramos um bom local para comer as benditas pizzas, então compramos pão e geléia para comer na pousada. A quilometragem ficou nos 81km. Um pedalada tranqüila, mas uma tarde confusa.
Depois de devidamente instalados fomos na rodoviária comprar passagens para Pucón e acessamos a net numa lan house. Aqui vale destacar a loiraça que estava na lan.
De noite fomos procurar pizza e para nossa surpresa, em um local chamado Pio – Pizza não havia pizza. Achamos muito estranho e o garçom nos explicou que era só o nome do estabelecimento. Pô...então muda de nome. Atencioso, o garçom apontou para um lugar onde haveria pizza e completou dizendo: Daqui 3 quadras. Na hora nós três começamos a rir sem parar, pois durante todo o dia as pessoas responderam 3 quadras quando perguntamos algum local. Explicamos este fato para o garçom, que compreendeu nosso ataque de riso.
Andamos bastante, entretanto não encontramos um bom local para comer as benditas pizzas, então compramos pão e geléia para comer na pousada. A quilometragem ficou nos 81km. Um pedalada tranqüila, mas uma tarde confusa.
Santiago – 27/12/2009
Este dia foi dedicado ao ócio. Aproveitamos para acordar tarde, exatamente as 9h da manhã. Tomamos café na rodoviária, fomos na lan house e depois andamos de metrô. Quando voltamos fomos almoçar num restaurante ao lado da rodoviária e novamente houve um fato curioso: Existem dois restaurantes geminados. O primeiro tinha o nome de Restaurante Moulin e o segundo chamava-se Moulin Restaurante. Muito estranho...ahaha.
Na saída tiramos uma foto de um cachorro deitado em uma caixa e comentamos que ele estava no “pó da gaita”.
Em seguida passeamos no shopping, tomamos sorvete e voltamos para o pousada pegar nossas bikes. Ficamos esperando o ônibus na rodoviária e quando ele chegou, 22h, foi um sacrifício acomodar as bicicletas no bagageiro.
Assim completamos a primeira parte do nossa aventura. Foram dias incríveis com paisagens mais incríveis ainda e a única decepção foi a própria capital chilena. Ao nosso ver, perdemos um dia em Santiago.
Em seguida passeamos no shopping, tomamos sorvete e voltamos para o pousada pegar nossas bikes. Ficamos esperando o ônibus na rodoviária e quando ele chegou, 22h, foi um sacrifício acomodar as bicicletas no bagageiro.
Assim completamos a primeira parte do nossa aventura. Foram dias incríveis com paisagens mais incríveis ainda e a única decepção foi a própria capital chilena. Ao nosso ver, perdemos um dia em Santiago.
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